quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Invocação à Noite


  Ó gloriosa, que inspira os amantes
  A boémia, o crime sagaz,
  Esconde em teu ventre escuro
  O panteão dos esperançosos.

  Quero meus lábios úmidos deleitar
  Na pele de Eros em espasmos;
  Sobra dos hipócritas o acusador olhar 
  Que nada podem com os desejos. 

  Cibele provedora, por tal benção não declines
  Ao teu namorado Saturno teu farto colo
  E que de sua ganância te salvem os Curetes!

  Demora ao menos um momento a jornada de Hélios
  Para que meu corpo se anestesie, para que meus sentidos expirem
  Nos braços fortes, nos suaves gostos.

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Releitura de "Invocação à Noite - Bocage"

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Lágrimas de um povo


  No meu colo jazem as lágrimas de um povo em desespero que agoniza por não saber, por saber de mais.
  Muitos teorizam de onde vem e tentam descrever seu final; mas não a criatura que consiga explicar sua suave e decadente realidade, pois falar de si sempre é o mais complicado.
  E não te farei promessas ou farei crer que tudo será melhor. Chore e deixe que seu sofrer umedeça meus joelhos; talvez assim, um dia eu possa contar sua história, a história do meu povo, minha própria história. 

Entre soluços e álcool


  Hoje é o dia  em que escutarei uma música piegas e jurarei nunca mais te amar; rezarei pelo dia em que minhas memórias nada mais valerão e sentir sua respiração não me fará tremer. Eu sei que este sentimento é uma bobagem, mas eu ainda quero gritar "amor, te amarei para sempre".
  O sempre é passado e crescer se tornou necessário. O sofrer é tão banal agora, só quero voltar para casa depois de algumas doses e me enganar um pouco mais. É sempre assim, me iludo que tudo pode mudar, viajo a noite inteira e continuo procurando algo entre a vida e a morte. 
  Sim, eu estou bem. Talvez não entenda estas linhas confusas, mas é que entre as ruas é difícil pensar direito. Acho que estou em todo lugar; vi uns mil rostos está noite, você estava em todos. Talvez o único lugar no qual não pude te encontrar foi na cama fria na qual tento me empoleirar agora e eu sei que sonharei mais uma vez com você.
  E todas aquelas coisas que conversamos antes de você partir. Eu nem sei sobre o que era a discussão, mas meu amor eu te prometo uma cama de rosas e juro nunca mais exigir seu silencio. Apenas me diga que quando eu reabrir meus olhos você estará ao meu lado.
  Eu só quero ser tudo o que me neguei a ser; posso deixar o meu jeito teimoso de lado, sei que posso. Posso me manter atento às suas palavras, sempre tão bem colocadas, sem fazer cara de cínico, sei que  posso. Apenas me diga que está noite não estarei só.

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  Sem rascunho; escrevi o que senti que devia.
  

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Palavras de quem nada sabe


  Já te dizeram que é livre como o vento ou talvez que quem não arrisca não petisca. Mas acredito que todos esses dizeres de determinação são bobagens nas quais queremos acreditar, pois na vida encontrarmos uma série de obstáculos dispostos a nos prenderem ao solo e cada risco é uma queda certa, muitas te levam a um nível inferior que o inicial.
  Não sou um pessimista sem sonhos ou perspectivas, muito pelo contrário; sou um sonhador calejado pelo mundo, pela rispidez das pedras que fui acumulando em meus sapatos e posso afirmar que toda liberdade é controlada e a libertinagem é tendenciosa.
  Fugi dos caminhos tortuosos e dos ditos atalhos, estes últimos são o caminho do tolo e preguiçoso, assim só servem para enganar a si mesmo.
  Se procura uma rota para o topo ensolarado, aqui vai um conselho amigo: ande pelo vale escuro; tropece, mas tropece de verdade, deixando os joelhos sangrarem. Não pare para lamber as feridas, o Mundo não está nada disposto a te esperar. Se erga quantas vezes for necessário e mais outras tantas que não for. Mantenha o orgulho de um nobre e a simplicidade de um camponês.
  Por fim, respire fundo. Você batalhou e cada pingo de luz que agora te rodeia é mérito de seu suor, garra e determinação.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Passos na Selva de Pedra


  Nessa imensidão de corpos sem rosto vou vagando lentamente, com a pressa de quem nada tem e nada busca.
  Há tanto caos neste emaranhado de concreto e tanto frio. Nem mesmo os cabos inflados de energia podem aquecer o coração de quem por aqui passa.
  Paro para admirar pequenas bolotas sem vida, distribuídas com a intenção de iludir pequenos humanos, reluzem atrás de um vidro úmido e empoeirado no qual posso ver meu reflexo retorcido e arranhado pelos anos.
  Já me encantei com esse zoológico sintético, mas aprendi que ele só serve para disfarçar nossas carências.
  Continuo pelo concreto sentindo meus pés adormecerem; o cheiro de enxofre e carbono fere meus olhos, mas não me preocupo pois já estou quase na esquina. A esquina da rua do monótono com a rua do conforto é onde deixo as rodinhas da minha mala virarem suavemente para a esquerda e começo a abandonar a massa inexpressiva, me dirigindo às telhas brilhantes onde residem sorrisos fraternais e meu abraço tem lar.

sábado, 6 de novembro de 2010

Apresentação

Olá visitantes, criei este blog para publicar meus pensamentos em forma de crônicas, poesias e afins. Sintam-se a vontade para comentar gostando ou não do que acharem por aqui, afinal toda critica construtiva é bem-vinda.